sábado, setembro 06, 2008
















Alguns caminhavam de cabeça baixa, outros esbravejavam contra a Itália, o festival ou o mundo. De qualquer maneira, ficamos todos arrasados – eu e os jornalistas brasileiros que estavam comigo – depois de assistir ao italiano Il Seme Della Discordia, o penúltimo filme da competição de Veneza que foi apresentado à imprensa. Há dez dias estávamos sendo bombardeados por filmes ruins, é verdade, mas o longa de Pappi Corsicato não pertence a esta categoria. É supostamente uma comédia sobre uma mulher que engravida depois de ser estuprada, mas que tem um marido estéril – o que gera uma série de problemas a ela. Não bastasse esse argumento equivocado (é tão ruim quanto soa, acredite), o filme tem a forma de um programa de TV mal dirigido, em que tudo não passa de desculpa para explorar o corpo de suas atrizes. É vulgar, preconceituoso e ofensivo. Não se trata de cinema, pode ter certeza – e foi um desrespeito de Marco Müller nos fazer assisti-lo. (Fico imaginando o que Lucrecia Martel, Johnnie To ou Wim Wenders, membros do júri, pensam sobre isto.) Ou este festival morreu ou é o mundo que vai mal mesmo.

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Melhor é The Wrestler, o filme de Darren Aronofsky sobre um profissional de luta livre decadente interpretado por Mickey Rourke. É verdade que seria difícil para ele fazer algo pior do que A Fonte da Vida, seu filme anterior, mas este é um longa que não precisa da comparação para manter-se em pé. Vinte anos depois do auge de sua carreira, Randy ‘The Ram’ segue participando destes espetáculos de luta em que (quase) tudo é combinado previamente – e que foram populares nos anos 80. Um ataque cardíaco, porém, o obriga a parar e sua vida, que já não era grande coisa, desmorona. Rourke está monstruoso (inchado e com uma cabeleira loura) e Marisa Tomei, a prostituta com quem ele se relaciona, também, a seu modo. Aronofsky conduz o filme de maneira direta, geralmente com câmeras na mão, que privilegiam a ação dos atores. Não é um filme fácil de assistir (e talvez também não seja um filme interessante), mas é uma história com várias possibilidades interpretativas – e deixo a você que pense nisso quando assisti-lo.

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Opa, tá fazendo uma boa cobertura o seu blog, tá bacana mesmo.

Curioso Aronofsky + Rourke. Não tava sabendo disso. Bem, já tem algum motivo pra ver esse filme, ainda que eu realmente duvide que exista algum filme bom do cara.

Entrando no imdb para dar uma olhada neste filme italiano, e achei uma "curiosa" descrição de uma atriz (é a protagonista?): http://www.imdb.com/name/nm0264776/
deve ser tosqueira mesmo...

abraços

10:35 AM  
Blogger paralaxe said...

oi, joao. pois e, também nao sou fa do aronofsky, nao. mas o filme é bem dirigido. (ainda que eu tambem nao tenha me interessado muito pela coisa toda.) nao foi um premio descabido.

e a descriçao da atriz ta perfeita, rs.

11:22 AM  
Blogger Giovani said...

Rafa, cadê os comments sobre a mostra e festival do rio aqui no blog, hein?

2:02 PM  

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