quinta-feira, agosto 28, 2008
















É muita coragem (ou desespero) de Takeshi Kitano fazer um filme como Achilles And The Tortoise. A primeira parte de seu novo longa é a história de um garoto que só pensa em pintar, mas que tem de enfrentar certas dificuldades – a morte do pai que o apoiava, a truculência do tio-padrasto – que o impedem de desenvolver seu talento. É uma história que avança em um tom melodramático (principalmente por insistência da trilha sonora), até revelar-se como ironia. Crescido, o garoto mostra-se um artista problemático. E a partir daí o filme vira a busca deste aspirante a pintor, quadro atrás de quadro, por uma linguagem que revele o talento que ele acredita ter.

Até tornar-se um homem maduro (e assumir o rosto de Kitano), ele terá plagiado dezenas de mestres modernos e experimentado diversos métodos ‘extremos’ de pintar, todos em vão. O filme não é, porém, um drama, mas uma comédia (que se resolve, por ironia, melodramaticamente). A questão é que o processo do personagem se aproxima demais da situação de Kitano (que não faz um bom filme desde quando?). Se o longa pegasse fogo, seria uma bela redenção. Como não pega, ganha um tom um tanto constrangedor de confissão – ou fica parecendo um ato extremo que falhou, como tantos de seu protagonista.