terça-feira, fevereiro 19, 2008















Outros tempos
(Do Guia – O Estado de S. Paulo – de 15/02)

Se a disputa pelo Oscar de melhor filme se concentrar mesmo entre Onde os Fracos Não Têm Vez e Sangue Negro (There Will Be Blood, 2007) – cada um com oito indicações –, não será o tema que vai definir o vencedor. Apesar de se passarem em épocas diferentes, os dois filmes são, a seu modo, capítulos de uma mesma história. Assim como o longa dos irmãos Coen, o filme de Paul Thomas Anderson (de Boogie Nights) mergulha no passado de seu país para falar de individualismo e violência. Baseado no romance Oil! (1927), de Upton Sinclair, ele segue os passos de Daniel Plainview (Daniel Day-Lewis), um mineiro transformado em explorador de petróleo no fim do século XIX. A atividade fará dele um magnata, mas também desencadeará conflitos (familiares, econômicos, morais) que, como prevê o título original (There Will Be Blood), vão terminar em sangue. Se você já viu o filme dos Coen, sabe que é ali que a previsão se concretiza de verdade.

Será uma preferência formal, portanto, o que vai decidir o vencedor da estatueta. E nisto os filmes são bem diferentes. Enquanto os Coen reprocessam gêneros clássicos do cinema de um jeito bem particular, mas mantêm a sua ênfase narrativa, Anderson se afina a uma época pós-gêneros – o cinema americano dos anos 70. Repare no tempo alongado de alguns planos e na maneira como Day-Lewis e Paul Dano ficam livres em suas cenas de confronto. Mais do que acumular informações que fazem a história andar, é um cinema interessado em captar instantes, criar sensações. É também um cinema que busca certa aura austera que ganharam aqueles filmes dos anos 70 – como indica a frase final, talhada para entrar para a história. Mas o excesso de ambição do diretor de Magnólia não é, afinal, uma novidade.

1 Comments:

Blogger Guga Pitanga said...

E deu "Onde os fracos..."

Abço

http://lenfantdeboheme.blogspot.com/

3:54 AM  

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