domingo, janeiro 06, 2008















Me lembro de ter ficado com a impressão de que Reconstrução de um Amor era o filme que o Tom Tykwer (aquele de Corra, Lola, Corra) faria se decidisse ser o Wong Kar-Wai. Achei o filme de Christoffer Boe plasticamente lindo, mas refém dos maneirismos de seu roteiro – e dessa necessidade de que todas as suas imagens parecessem, imprescindivelmente, muito bonitas e contemporâneas. Allegro (2005), que estréia em São Paulo no fim da semana, não é muito diferente. É o filme que o Tykwer faria se decidisse ser o Michel Gondry. Kar-Wai e Gondry também gostam de narrativas desconstruídas e circulares (e com argumentos fabulescos, no caso do francês), mas não desprezam o conceito mise-en-scène – esse olhar que ordena a construção das imagens segundo regras próprias e faz com que elas ganhem um sentido que embaralha a idéia do que é “bonito” ou “feio”. Como se filmasse uma peça publicitária (em que o conceito de mise-en-scène não faz mesmo sentido), Boe confia que um roteiro maneirista, se ilustrado por imagens plasticamente interessantes, resulta em um grande filme. No caso de Allegro, elas nem ajudam a dar credibilidade ao argumento fabulesco, nem se articulam em uma mise-en-scène que transcenda o roteiro.

2 Comments:

Blogger Giovani said...

Ê. Primeiro post de 2008!
Espero que seja primeiro de muitos!!!
Rafa, eu nem consegui chegar até o fim do reconstrução de um amor. Allegro é tão afetado quanto aquele? Eu ouvi em algum lugar que ele tava fazendo um outro filme com o irmão, é verdade isso?

10:47 AM  
Blogger paralaxe said...

eu achei mais afetado. ele fez um outro filme depois desse chamado offscreen, em que ele faz o papel dele mesmo, parece... não sei se é desse que vc tá falando. não tô curioso pra ver, rs.

2:02 PM  

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