segunda-feira, janeiro 29, 2007















Confesso que ainda não entendi qual é a do Hou Hsiao-Hsien. É verdade que só assisti a Three Times (Zui hao de shi guang, 2005) e Millennium Mambo (Qianxi manbo, 2001) – e bem recentemente. Ainda assim, não consegui ir muito longe em nenhum dos dois. Fico pensando se o Three Times é uma reflexão sobre o tempo. (Se esses “três tempos” são três maneiras de entender o tempo – enquanto conceito – e não simplesmente três momentos diferentes.) Penso na marcação cronológica rígida do episódio de 1911, nas elipses que parecem se fundir no de 1966 e no tempo algo morto do de 2005 – se movimento/alteração não existem naquele universo, o tempo também não.

Se for isso, é uma idéia bem interessante. Talvez não seja algo absurdo. Tempo e memória, por esses dois filmes, são temas de que ele parece gostar. Tive a impressão de que Millennium Mambo é sobre a relação entre essas duas coisas. Mas menos pela construção do roteiro (e por aqueles offs narrativos desencontrados com as imagens, que também são bem interessantes) e mais pela mise-en-scène, estruturada em planos-seqüência com lentes de foco longo e movimentos sobre o eixo da câmera, geralmente fixa.

Eles também estão, melhores ainda, no episódio de 1966 do Three Times. O que me incomoda é que nos outros dois episódios essa reflexão sobre o tempo parece estar bem mais apoiada sobre o roteiro. (Não chega a se converter em um tempo cinematográfico.) E aí tudo fica meio aborrecido. Mas talvez não seja nada disso. Enfim, vamos ver.