21 Gramas (21 Grams, 2003) me faz lembrar as críticas de Truffaut ao cinema francês dos anos 50. O que o irritava no tal "realismo psicológico" não era só a idéia de que bastava fazer um personagem injustiçado blasfemar para garantir profundidade ao filme, mas também o desprezo que os diretores/roteiristas demonstravam por esses personagens. Iñárritu fez um filme que não confia nem em seus personagens, nem em seu roteiro e, mais grave, nem em suas imagens. Precisa mesmo, portanto, confiar que sua montagem, o "verniz realista" da sua mise-en-scène e a performance histriônica de sua atriz principal - que também blasfema e "diz verdades" - possam fazer nascer relevância onde não há nada. O que eles conseguem, porém, é evidenciar a desonestidade de seu diretor. Esse filme me ofende.

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