quinta-feira, agosto 28, 2008


Não tenho a simpatia que o resto da crítica tem por Jia Zhang-Ke. Me incomoda que ele não consiga decidir-se entre tratar suas imagens como abstrações (à lá Antonioni) ou entendê-las como extratos de realidade. É um olhar que ora organiza o mundo à sua maneira, ora tenta simular um intervalo em relação ao universo escolhe observar. Me incomodam mais ainda suas imagens simbólicas, mas isso é outro caso. Digo isso pensando em O Mundo, Em Busca da Vida e Dong, pois não vi Plataforma e nem o filme que ele mostrou em Cannes. E até por isso fui ver Cry Me A River, o curta que ele trouxe a Veneza.

O filme narra, em 19 minutos, alguns encontros entre quatro personagens, que em princípio parecem dois casais, mas que depois se revelam não ser. Não me parece diferente de seus outros trabalhos. Seu olhar começa contemplativo, como se as situações que observa (um jantar, um passeio de barco) não tivessem importância narrativa – como se fossem situações quaisquer –, mas muda nas duas cenas finais, em que o diálogo assume uma função informativa. E é isso. Me pareceu um filme fraco, que também desagradou os jornalistas que estavam na sessão – foram pouquíssimos aplausos e alguns gritos de ofensa, inclusive.