quinta-feira, setembro 04, 2008















Agnès Varda acha a praia o lugar mais perfeito do mundo, ao contrário das montanhas (e isto de elas ficarem “se sobrepondo umas às outras”), que ela pensa serem “ridículas”. Além de ter idéias muito próprias como esta, Agnès também não consegue mais descer uma escada sem se apoiar no ombro da acompanhante, mas consegue fazer um filme cheio de vida como Les Plages d’Agnès. É um longa sobre a memória e a passagem do tempo, em que a diretora reconstrói episódios de sua vida desde a infância. Ela reencena algumas coisas, junta amigos e parentes que ainda estão vivos, usa material de arquivo, fotos. Vai avançando despretensiosamente, respeitando apenas seu fluxo de memória. Agnès esta velha, eu também e você também.

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Não falei de The Sky Crawlers, a animação do japonês Mamoru Oshii, exibida ontem. O filme se passa em um mundo em que a paz é garantida por uma guerra encenada, travada por duas empresas contratadas para isso. O protagonista é um garoto que pilota caças de uma destas empresas – em que todos são crianças, nunca crescem. Os personagens fumam e olham para o horizonte, presos a um universo condenado à repetição. ‘Existencialista-infantil’, mas agradou quem estava na sessão. Tem algo curioso, do ponto de vista técnico: a história se desenrola como uma animação clássica japonesa, mas as cenas de batalhas aéreas são CGI, bem mais realistas, o que dá um efeito estranho.

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No jornal diário do festival, o etíope Teza, que eu não vi, aparece como o mais bem cotado pelos jornalistas italianos no quadro de ‘estrelinhas’ dos filmes da competição. Um pouco assustador, já que todos os jornalistas com quem conversei disseram que o filme – uma espécie de dossiê sobre a história da Etiópia, pelo jeito – é muito fraco do ponto de vista de linguagem. A ver.